terça-feira, 20 de julho de 2010

Técnicas de (des) obediência

Blefar é o ato de iludir no jogo, fingir a posse de cartas que não se tem. Blefar também faz parte da estratégia de educar crianças. Vou explicar com exemplos.Uma amiga tem um filho de 4 anos – fase em que as crianças aprendem rapidamente a dar respostas para tudo e a afrontar a ordem superior também. Contrariado num desejo, o menino partiu para a ofensa e xingou a mãe. “Feia, burra, magra!!!”. Surpresa, a mãe teve de se fazer de ofendidíssima para ensinar a ele que não se xinga as pessoas.Fingir, no caso, foi um pecado menor (e necessário) da missão de ensinar uma criança a se comportar. Imagina se ela diz que achou o máximo ser considerada magra? Dito isso, vou dividir com vocês minha mais nova técnica de obediência instantânea que tem se mostrado mais eficaz do que qualquer tentativa de negociação.Quando minha filha – que também está na idade da afronta – finge não ouvir o que peço repetida e insistentemente – uma mania um tanto irritante –, eu parto para algo mais ameaçador. “Olha aqui, vou contar até três”.Quando meus pais faziam isso, eu tinha medo de levar uma palmada no final da contagem. Aqui em casa não recorremos a esse método, nem a nada parecido. No dois, eu corria para fazer o que eles mandavam. Descobri, surpresa, que minha filha também. Ela para o que está fazendo, olha para mim numa indecisão quase imperceptível e sai correndo. É batata: escova os dentes, coloca o uniforme ou pega a última colherada. Chega a ser engraçado.Um dia, ela demorou mais do que o normal. Tive que fazer a contagem em decimais – “dois e meeeeeeeeeeeeeio…dois vírgula setenta e cinco…tô chegando no três, hein!!!”. Temendo ser pega no meu blefe, lancei uma nova.“Se eu chegar no três, você vai perder, entendeu?”, no que ela rapidamente me respondeu “não vou perder NÃO!!!”, e correu para se arrumar para a escola. Ela, definitivamente, não gosta de perder.Agora você poderia me perguntar: e se você chegar ao três e ela não te atender?

Aqui entre nós: sei lá. Quem blefa sabe o risco que tem. Por isso meu único conselho é “use com moderação”, sob pena de ser desmascarada. Já é tempo, de qualquer maneira, de procurar uma nova técnica de convencimento infantil.

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